Os testes do real digital, a moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) do Brasil, seguem avançando. O banco Itaú acaba de instalar com sucesso o primeiro nó validador (node) da blockchain da moeda digital, conforme noticiou o Valor nesta segunda-feira (17).
O banco foi o primeiro a concluir essa etapa em que os participantes do projeto irão criar tokens para simular as transações na blockchain Hyperledger Besu. Durante esses testes, os participantes vão testar a capacidade da rede de oferecer escalabilidade, interoperabilidade, segurança e privacidade para a CBDC do Brasil.
De acordo com o head do Itaú Digital Assets, Guto Antunes, o Itaú está comprometido em liderar o projeto para que o real digitai saia do papel:
“Agora poderemos mergulhar nos testes dos contratos inteligentes que serão gerados nos nós. Vamos primeiramente mintar [cunhar na blockchain] o real digital e o real tokenizado de depósitos bancários. A partir daí realizaremos transferências e resgates junto com as instituições nos demais nós”, disse.
Ainda segundo o executivo, outras instituições que também participam da iniciativa devem instalar seus nós em breve. O objetivo é testar a interoperabilidade entre os sistemas de cada instituição participa do piloto do real digital.
Ao que tudo indica, o próximo banco a instalar um node da blockchain Hyperledger Besu do real digital é o Bradesco. Os participantes têm até o mês de setembro para concluir essa etapa do teste, que vai verificar os limites da rede escolhida pelo BC para lançar o real digital.
A próxima etapa, se a Hyperledger Besu se provar uma plataforma eficiente, será construir, de fato, a infraestrutura do real digital.
Polêmica do Real digital
Em meio aos testes da CBDC do Brasil, surgiu uma descoberta no mínimo controversa. Conforme noticiou o CriptoFácil, um desenvolvedor brasileiro chamado Pedro Magalhães descobriu uma função no projeto do real digital que permite o congelamento de fundos das carteiras ligadas à moeda.
Para realizar suas descobertas, Magalhães utilizou o código-fonte do real digital, que está aberto ao público. Posteriormente, o BC confirmou que o contrato terá essas funções. Naturalmente, a descoberta gerou preocupações com relação ao real digital e sua função de congelar ativos de cidadãos brasileiros. Mas, para Pedro, essa função polêmica não difere muito do que já se tem hoje:
“Quanto à centralização e possíveis abusos governamentais, acho que isso não muda muito em relação ao cenário atual. Afinal, o estado já pode congelar contas via Pix, se assim entender. Portanto, na prática, isso não mudará nada.”