Cerca de 6,3 milhões de brasileiros declararam investir em criptomoedas em 2022, aponta o “Raio X do Investidor”
O número de investidores de criptomoedas no Brasil saiu de 2% para 3% entre 2021 e 2022. Os dados são da sexta edição do “Raio X do Investidor”, publicado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Com base nas “Estimativas da População”, publicadas pelo IBGE em 2021, isso significa que 6,3 milhões de brasileiros declararam investir em ativos digitais no ano passado.
Crescimento expressivo
Durante 2022, o mercado de criptomoedas se aprofundou em um ciclo de baixa, também chamado de bear market. O período de baixa nos preços, no entanto, não foi suficiente para afugentar investidores. As moedas digitais são os ativos de risco mais populares entre os brasileiros, ficando atrás apenas dos fundos de investimento.
“Os brasileiros estão investindo mais, em todas as categorias. Cresce ano após ano. A oferta de possibilidades de investimento cripto é mais abundante. Não somente exchanges mas também em fundos, ETFs e ofertas nos apps dos neo-banks”, avalia Fabrício Tota, diretor de novos negócios do mercado bitcoin, sobre o crescimento do número de investidores em criptomoedas durante o bear market.
Tota acrescenta que o avanço na regulamentação também pode ter contribuído com a entrada de novos investidores no mercado cripto. “A regulação cripto avançou, com o apoio do mercado local já estabelecido. Isso deu força à própria indústria local, mais consolidada e organizada.”
Reconhecimento e público feminino
Além do aumento no número de investidores, houve também um crescimento no conhecimento sobre criptomoedas entre os brasileiros em 2022, já que 6% da população afirmou conhecer esses ativos. O maior aumento foi registrado pelas classes A e B, saindo de 10% em 2021 para 13% no ano passado.
Os ativos digitais, no entanto, parecem ainda não ter captado o interesse da parcela feminina da massa brasileira de investidores da mesma forma como atinge o público masculino. Enquanto 5% dos homens afirmaram alocar capital no mercado cripto, apenas 1% das mulheres investe na economia digital. É importante ressaltar que, em 2022, houve um crescimento no número de mulheres utilizando instrumentos financeiros.
Popular na geração Z, mas ainda perde para a poupança
A faixa etária onde as criptomoedas são mais populares é a geração Z, que abarca pessoas de 16 a 25 anos. Junto com os fundos de investimento, as moedas digitais são o segundo investimento mais popular, com 7% da geração Z afirmando que investe em criptomoedas.
Entre os millennials, pessoas com 26 a 40 anos, a parcela que aporta capital no mercado cripto é de 4%, caindo para 1% na geração X, composta de pessoas com 41 a 60 anos. De acordo com o relatório da Anbima, pessoas acima de 60 anos não investem em criptomoedas.
Apesar do crescimento em popularidade, as criptomoedas ainda perdem para a caderneta de poupança entre os membros da geração Z. Na verdade, a caderneta de poupança é o instrumento de investimento mais popular entre todas as faixas etárias. José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, lamenta o fato.
“É lamentável, e só é assim porque o banco induz que seja assim. A caderneta de poupança nem sequer acompanha a inflação, ou seja, a pessoa perde seu dinheiro. Isso gera um ciclo vicioso, economicamente falando, já que as pessoas não conseguem agregar valor aos seus investimentos”, diz Ribeiro. Ele também considera negativo o fato de que 64% da população brasileira não se investe seu patrimônio, ainda segundo dados do “Raio X do Investidor”.
Quanto à maior presença dos ativos digitais entre a geração Z, Ribeiro afirma que o dado não surpreende. “Essa é, certamente, uma geração digital. É uma geração que nem sequer entenderá mais os mecanismos complexos do mercado financeiro tradicional e os motivos de existirem barreiras tão grandes. São muitos intermediários em um processo difícil de entender.”
Além de ser uma geração que assimila melhor conceitos tecnológicos, os aspectos dinâmicos e democráticos do mercado de criptomoedas também ajudam a embarcar pessoas mais jovens, avalia Ribeiro.
“As criptomoedas são muito mais democráticas e dinâmicas e, com alguns cliques, uma pessoa da geração Z pode resolver seu investimento. Há a questão da volatilidade que, se o jovem não entende de cara, ele consegue entender no dia a dia. São essas características dessas novas gerações que me fazem acreditar que o futuro da economia é tokenizado”, conclui o CEO da Coinext.