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Real é a segunda moeda que mais desvalorizou em 2024, mas brasileiros preferem dólar ao Bitcoin como reserva de valor

Real desvalorizou 12,4% frente ao dólar em 2024.

Depois de fechar 2023 em tendência de alta em relação ao dólar, cotado abaixo de R$ 5, o real entrou em uma espiral negativa desde o início de 2024. Na sexta-feira, 21 de junho, o dólar atingiu a máxima anual de R$ 5,44. A desvalorização de 12,4% faz do real a segunda moeda fiduciária de pior desempenho em 2024, atrás apenas do iene japonês.

Em 2024, a desvalorização do real supera até mesmo a do peso argentino, que até agora perdeu 12% de seu valor frente ao dólar.

Fatores externos e internos contribuem para depreciação do real

A depreciação do real frente ao dólar é resultado de uma combinação de fatores externos e internos. No cenário internacional, a política monetária do Banco Central dos EUA (Fed), que manteve as taxas de juros inalteradas apesar das expectativas de cortes, fortaleceu o dólar globalmente. Até agora em 2024, a moeda norte-americana tem se apreciado em relação às divisas das maiores economias do mundo, como a China, a Índia e a União Europeia.

Internamente, o aumento da percepção de risco fiscal, especialmente após a revisão da meta do governo para o exercício de 2025, tem pressionado a moeda brasileira. Além disso, a instabilidade política e os ataques do governo à direção do Banco Central têm aumentado o risco Brasil, afastando investidores estrangeiros tanto do real quanto da bolsa brasileira. Na contramão do mercado acionário global, o Ibovespa acumula perdas de 10,5% em 2024.

Mercado de criptomoedas está em alta no Brasil

Em paralelo à desvalorização do real, o mercado de criptomoedas no Brasil tem registrado um crescimento notável desde o início do ano. De acordo com o relatório “O Estado do Mercado de Criptomoedas na América Latina“, publicado recentemente pela Kaiko, o volume mensal de negociações de criptomoedas em real (BRL) atingiu uma média de US$ 1,3 bilhão em 2024, um aumento significativo em relação aos US$ 700 milhões registrados em 2023. 

Porém, não é o Bitcoin 

BTC

R$337.105 que está liderando a expansão do mercado de criptomoedas no país. O estudo revela que os investidores brasileiros têm uma clara preferência por stablecoins atreladas ao dólar. Quase metade de todas as negociações denominadas em real envolve stablecoins. O número é superior à média da América Latina, que fica um pouco acima de 40%, segundo dados da Kaiko.

O par BRL/USDT é o mais negociado no mercado latino-americano, refletindo não apenas a preferência dos investidores locais por reservas em dólar, mas também a liderança do mercado brasileiro no âmbito regional. Embora tenha perdido uma fatia de sua participação para o peso mexicano desde 2023, o real responde por 53% do volume negociado no mercado de criptomoedas latinoamericano.

Apesar da liderança das stablecoins no mercado doméstico de criptomoedas, o enfraquecimento do real em 2024 contribuiu para uma forte apreciação do Bitcoin frente à moeda brasileira. De acordo com o relatório da Kaiko, o Bitcoin valorizou mais de 70% em relação ao real entre janeiro e maio de 2024. 

Mesmo com a queda de 11% nos últimos 30 dias, o Bitcoin ainda mantém um status de reserva de valor superior, com uma valorização de 38,7% em relação à moeda norte-americana e de 53% em relação ao real até agora em 2024.

Gráfico diário comparado do desempenho do BTC/USD e do BTC/BRL em 2024 (Binance). Fonte: TradingView

Projeções para o real e para o Bitcoin

O teto do dólar pode ter sido atingido durante a recente alta. De acordo com o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, o mercado projeta que o dólar estará cotado a R$ 5,13 no final deste ano. A projeção otimista é sustentada pela melhora das condições econômicas tanto no âmbito externo quanto interno. 

No cenário internacional, há expectativas de que ocorra pelo menos um corte nas taxas de juros nos Estados Unidos ainda em 2024, o que poderia aliviar parte da pressão sobre os indicadores brasileiros. Internamente, analistas acreditam que o governo adotará medidas para controlar os gastos públicos, beneficiando a dinâmica fiscal em 2025 e 2026.

Se o governo conseguir convencer os mercados da eficácia dos ajustes a serem feitos em sua  política econômica, as medidas efetivas podem resultar em uma melhora na percepção do risco Brasil, aliviando a pressão do dólar sobre o real, ressaltou Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, em reportagem da CNN Brasil.

Assim como no caso do real, um afrouxamento da política monetária do Fed é fundamental para que o Bitcoin retome a tendência de alta ao longo de 2024, afirmam analistas.

Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil recentemente, as projeções dos analistas para o topo do preço do Bitcoin no atual mercado de alta das criptomoedas variam entre US$ 120.000 e US$ 200.000.

Fonte: https://br.cointelegraph.com/news/real-is-the-second-most-devalued-currency-in-2024-brazilians-prefer-dollar-to-bitcoin-as-a-store-of-value

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